Eu ainda amo
Ainda amo e amo ainda
Há muito tempo
Há muitos anos
Há muitas vidas
Eu sinto isso em mim
No estômago, no peito, nos olhos
No meu sonhar
Eu amo e nao sei quanto do amor vivi
Por que o medo estava lá presente
O medo presidia muitas sessões
O medo era o motorista, dirigindo apreensivo com o coração apertado na mão
Ás vezes quem tomava posse era a pressa, correndo e correndo e correndo, e eu não podia respirar
Eu não podia suspirar, esperar, amparar com carinho teu peito e o meu
E a culpa limpava o chão e o teto, manchando tudo com água turva
Eu amo e isso me enche os olhos d'água porque eu queria caminhar e até ali nem sabia que podia
Andar devagarinho, segurar tua mão aos pouquinhos
É que parecia que eu não podia errar nenhum olhar,
nenhuma palavra,
nem entender o que precisava dizer no tempo possivel para entender
É que parecia que não podia parar, nem pra aprender a andar, nem pra sentir doer
É que da primeira vez não se sabia nada
E da segunda existia a ilusão de saber, mesmo sem muito saber
Só se sabia que era amor
Amor tão forte, concreto
Amor tão lindo
Que junto do medo, da pressa e da culpa pesava
Como sacolas de toneladas de nada
Empilhadas do lado da montanha de amor, como lixo na frente da casa, que ninguém conseguia ver e então recolher, reciclar
Tanto tempo longe
E tão pouco se aprendeu com o tempo
Tanto tempo longe e tão pouco tempo para plantar as sementes com jeitinho, tocando a terra, sentindo a mão, a pá, o jeito certo de cavar
É que parecia que estavamos ali para a colheita, mesmo sem ter esperado o germinar, o florescer
Muito Amor ali sem saber, que quase nada se sabia, porque tudo se supunha
E se supunha grandes golpes no amor
E por supor, de fato o estrangulava
Porque parecia tanta coisa
Mas só parecia...
E nem se sabe o que se era por trás
E nem se sabe o que seria
Se o medo perdesse sua licença
Se a pressa fosse desconvidada
Se a culpa fosse inocentada
Nem se sabe o que seria do amor
Se o tempo andasse a seu favor